No governo desde a ascensão ao poder de João Manuel Gonçalves Lourenço, Manuel Tavares de Almeida é dos poucos membros do actual governo que vai resistindo às constantes mudanças.
Se em Outubro de 2017 chegou ao governo com a pasta da Construção, muito recentemente viu os seus poderes reforçados, com o acoplar do urbanismo e ordenamento do território ao pelouro da construção.
Ligadas por laços matrimoniais e afectivos (padrinhos de casamento), as famílias de João Lourenço e Manuel Tavares de Almeida têm também um longo historial de ligações empresariais na área da construção.
Segundo a Newslleter África Monitor Intellifence, a principal foi a SOTAL – Engenharia e Serviços Limitada. Esta foi até recentemente participada pela COMENG – Engenharia e Construção Lda., empresa da família Tavares de Almeida; pela JALC – Consultora e Prestação de Serviços Lda., da família Lourenço; e pela SOTIL, do brasileiro Carlos Henrique Zanelatto.
A JALC vendeu a sua quota na COMENG apenas em 2018, à sociedade Raddexon Investments, cujo capital social é formado por acções ao portador, um artifício comum entre as elites de Luanda para dissimular a propriedade de empresas.
A Newsletter editada em Lisboa, acrescenta, que a JALC foi constituída pela primeira-dama, Ana Dias Lourenço em 1995, tendo mais tarde entrado para o capital as suas filhas, Jéssica Lourenço dos Santos e Cristina Dias Lourenço. Em 2017, passou a fazer parte do capital outra familiar, Ana Isabel Dias Lourenço. A sociedade foi gerida até então por Custódia Dias dos Santos.
Em 2017, poucos meses antes da eleição de João Lourenço, as quotas foram cedidas à sociedade ATENIUM, de Katilo Correia dos Santos, identificado como sobrinho da 1ª Dama (irmão de uma administradora do BAI, Inokcelina Correia dos Santos.
Custódia Dias dos Santos, gerente da JALC até 2017, foi uma das fundadoras da SOTAL, em 2008, juntamente com Carlos Zanelatto e Diogo Maria Ferreira, sócio da COMENG.
Até abril de 2018, o sócio principal na COMENG foi Manuel Tavares de Almeida, juntamente com Filomena Tavares de Almeida, o marido desta e ainda Andry Paula de Almeida Lourenço.
Já enquanto ministro, Tavares de Almeida cedeu a sua quota na sociedade a Edilson Stélvio de Almeida Lourenço e a Edilson do Carmo Ferreira Vilhena.
A SOTAL foi cliente do Ministério da Construção em diversas obras, mais recentemente na terraplanagem de um troço de estrada no Namibe (Moçâmedes-Baía das Pipas), para ligação ao Lubango. A obra foi visitada em Março de 2018 pelo próprio Manuel Tavares de Almeida, já enquanto ministro da Construção.
A empresa da família Tavares de Almeida esteve também reabilitação da estrada Dombe Grande-Lucira, ligando as províncias de Benguela à do Namibe, em curso desde Dezembro de 2010, com um valor de cerca de 60 milhões de dólares.
LuandaPost/África Monitor