Sem grande esperança num futuro melhor, muitos jovens angolanos não querem saber da política.
O custo de vida sobe e os números do desemprego se elevam a cada dia. O sonho de conquistar o primeiro emprego fica mais longe de ser concretizado, no país a esmagadora maioria da população é jovem.
Paula Cristina, não tem ilusões, por isso prefere ocupar o seu tempo vendo novelas a ver notícias ou ouvir notícias do país.
Para a jovem licenciada o país tem donos e só a estes cabem os privilégios de desfrutar dos seus imensos recursos.
A residir em casa dos seus progenitores, num bairro de Luanda onde o abastecimento de água é feito por camiões cisternas, Cristina é parte de uma geração que se dedicou aos estudos e não encontra uma oportunidade no mercado para começar o seu percurso de vida independente dos pais.
À reportagem do Confiedence News, contou que não acredita nas promessas dos governantes e que prefere não os ouvir, ocupando seu tempo vendo novelas brasileiras e outros programas de entretenimento, algo que para ela funciona como um balsamo.
Na mesma senda está Aberto Ndumba, que disse estar arrependido por ter depositado o seu voto num partido que hoje virou as costas à juventude. O jovem diz não encontrar razão para voltar a votar nas próximas eleições se os políticos não honram com as suas palavras.
Os jovens estão a se distanciar do processo político, não acreditam nos seus governantes, não acreditam num futuro melhor, explicou o sociólogo Lundo Bernardo.
O especialista, apontou o dedo aos políticos por terem ao longo de anos apostado numa “política de ludibriar” a juventude com maratonas e outros bens, que agora não têm condições de suportar.
Disse ainda, que o modelo de educação não é adequado, pois licencia pessoas que saem das universidades sem estarem aptas para o trabalho e nem para empreenderem.
Enquanto candidato a Presidência da República, João Lourenço prometeu criar 500 mil empregos.
Estatísticas oficiais dizem que o desemprego atinge 32 por cento da população economicamente activa e mais de 40 por cento da população vive abaixo da linha da pobreza. Para a juventude, a taxa de desemprego está estimada em 58%.
Economistas apontam para o agravar da situação, sendo que os jovens continuarão a ser as principais vitimas. O sociólogo alerta para consequências a breve prazo se mediadas urgentes não forem tomadas.
“Muitos (jovens) podem cair na delinquência, na prostituição e nas drogas. Mas já temos experiência de jovens que tiraram suas vidas após passarem por depressão acentuada”, concluiu.
Recentemente, o Afrobarometer divulgou um estudo, em que mais de metade dos angolanos disse confiar mais nos religiosos e sobas do que nos governantes eleitos. O estudo realça que 37 por cento dos entrevistados, disse confiar no Presidente da República.