O gestor Mário Leite da Silva, antigo braço-direito de Isabel dos Santos na condução dos seus negócios, pediu ao presidente angolano João Lourenço para separar o seu processo do da empresária, e mostrou-se disponível para colaborar com as autoridades do país africano, noticia o Observador esta segunda-feira.
Na carta enviada ao chefe de Estado angolano, a que a publicação digital teve acesso, Leite da Silva questiona a versão da empresária relativa ao negócio da Galp, revelando mesmo que Isabel dos Santos utilizou uma empresa sua, a Exem Energia Investimentos, para reembolsar os 72 milhões de euros de financiamento que a petrolífera Sonangol acordou com o seu marido, Sindika Dokolo, para ter uma participação na Galp. Esse reembolso terá sido feito em kwanzas, moeda que sofria forte desvalorização na altura, o que terá permitido a Dokolo ter um ganho de 12 milhões de euros.
“Não tive intervenção na opção da moeda em que foi concretizado tal reembolso [kwanzas], nem quanto à escolha da empresa mobilizada para o efeito [a Exem Energia Investimentos detida pela senhora engenheira Isabel dos Santos]”, afirma Leite da Silva na carta, citado pelo Observador.
Leite da Silva acusa ainda João Lourenço e o procurador-geral de Angola, o general Pitta Grós, de terem escondido das autoridades neerlandesas, desrespeitando uma “ordem judicial”, um acordo estabelecido entre a Sonangol e Isabel dos Santos em fevereiro de 2019, 10 meses antes da apreensão de todos os bens da filha de José Eduardo dos Santos.
O gestor considera também que Manuel Vicente, ex-vice-presidente angolano e antigo líder da Sonangol, também sob investigação em Portugal, está a ser protegido e a beneficiar de uma diferença de tratamento por parte das autoridades angolanas, acusando-o de ter supervisionado e ter total conhecimento dos pormenores do negócio entre a companhia energética e a Exem.