“Não tem como ser diferente porque o próprio país em si, na vida quotidiana, oferece-nos muita matéria-prima e nós temos essa capacidade natural de, com as coisas menos boas, conseguirmos produzir piadas. E hoje, com a dimensão e acesso à Internet, nós conseguimos ver outros humoristas e isso faz de nós muito melhores”, afirma.
Kotingo, de 40 anos, considera que quando se acrescentam “outras vertentes, outras formas de fazer humor que vêm de fora” à maneira de ser angolano isso “só acrescenta e reflete” o que os humoristas angolanos fazem profissionalmente.
Embora Angola ofereça “muita matéria-prima” para fazer humor, Kotingo abstém-se de entrar no campo da política, quando questionado se é possível brincar com o MPLA ou a UNITA.
“Não é bem a minha praia. Quando se fala do limite do humor, eu não vejo limites no humor. Eu aprendi que o limite está dentro de cada pessoa. Agora, quanto a questões políticas, eu acho que é completamente diferente com o que se faz noutras partes do mundo”, responde.
“Eu não sou burro. Não sou burro. Aquilo que às vezes é chamado de `medo` ou qualquer coisa assim, eu chamo de `amor à vida`”, reforça.
Segundo Kotingo, “se existem milhares de formas de fazer humor, vários assuntos podem ser abordados. Um país se faz de várias formas e eu tenho a minha forma de contribuir para o meu país”.
Todavia, Kotingo recusa responsabilizar-se pelo que vai sentir quem ouve uma piada.
“Eu parto do princípio de que antes de sermos profissionais, somos seres humanos. Mas eu não me posso responsabilizar pelo que o outro vai sentir. Dentro de mim existe a intenção de fazer rir, que a gente se divirta, porque eu não tenho intenção de magoar quem quer que seja, mas também não sou responsável pela interpretação das outras pessoas”, alerta.