Manuel Vicente será julgado e preso, mas não enquanto Lourenço for presidente

O pedido feito esta semana pela organização não governamental portuguesa Frente Cívica à Procuradoria Geral da República (PGR) de Portugal, para a reabertura das investigações por branqueamento de capitais ao ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, não passou despercebido em Angola.

As investigações ao caso que envolve Vicente, tinham sido arquivadas pelo antigo procurador Orlando Figueira, que viu agora o Supremo Tribunal de Justiça de Portugal negar-lhe provimento a um recurso e vai ter de cumprir uma pena de prisão de seis anos e oito meses a que foi condenado, em primeira instância, há já mais de quatro anos.

Acontece, que por pressão do governo de Angola, cedida pelo governo de Portugal, parte do processo foi a Angola e ficou congelado na PGR.

Manuel Vicente, actualmente a viver nos Emiratos Árabes Unidos, tem uma relação estreita com o Presidente João Lourenço, que de acordo com vários relatos tem uma dívida moral com o primeiro.

O juiz que facilitou Vicente em Portugal, tinha sido condenado pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documento, que implicaram o recebimento de vantagens patrimoniais de mais de 760 mil euros, em troca do arquivamento de inquéritos em que o ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, era investigado por suspeitas de branqueamento de capitais relacionadas, entre outras coisas, com a compra de um apartamento no luxuoso complexo Estoril-Sol, em Cascais, por 3,8 milhões de euros.

Não fosse a interferência política neste caso, certamente Vicente também teria sido condenado em Portugal e certamente um mandado de captura internacional teria sido emitido. Valeu-lhe a intervenção do Presidente angolano exigiu no início do seu mandato que o processo contra Manuel Vicente fosse enviado para Angola.

Está claro, que em Angola o processo não dará um passo a frente enquanto João Lourenço detiver o controlo do país, incluindo dos órgãos de justiça. Para se distanciar dos “ruídos” da sociedade angolana, Vicente preferiu deixar o país para viver tranquilamente nos EAU, enquanto negócios continuam a prosperar em Angola com a bênção do amigo presidente.

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