Denunciado em 2020 por envolvimento em esquema de corrupção, Edeltrudes Maurício Fernandes Gaspar da Costa, continua de pedra e cal como director de gabinete do Presidente João Lourenço, que ignorou sucessivos apelos da sociedade para entregar “o seu homem” a justiça.
Em setembro de 2021, a TVI divulgou uma reportagem denunciando esquemas de corrupção do director de gabinete do Presidente João Lourenço.
De acordo com a estação televisiva portuguesa, Edeltrudes Maurício Fernandes Gaspar da Costa (EMFC), transferiu milhões de dólares para Portugal onde comprou casas de luxo, barco e abriu contas bancárias, fruto de contratos com o governo que tiveram o aval do Presidente João Lourenço.
EMFC Consulting é a empresa com a qual Edeltrudes conseguiu contratos de consultoria com o governo do qual faz parte, para modernizar os aeroportos de Angola, numa flagrante violação a lei de probidade pública.
A investigação revelou que mais de vinte milhões de euros foram depositados em várias contas tituladas pelo homem forte do Presidente, no BAI. Edeltrudes também enviou dinheiro ao Panamá, utilizando uma sucursal do então Banco Espírito Santo (BES) na zona franca da Madeira.
Ao tempo em que esteve na Comissão Nacional Eleitoral, Edeltrudes fez contratos com a sua própria empresa para compra de materiais utilizados nas eleições de 2017, em que João Lourenço foi declarado presidente.
Além de Edeltrudes, em março – eram visados, familiares do ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, que partilha interesses em comum, com Edeltrudes Costa, por transacções em Off-Shores (Valoris International Services e Mundideias) que depois são usadas para transferências de dinheiros para Portugal.
Paulo Ivanilson Cabral Borges, filho de do ministro, foi citado como tendo comprado um prédio (na rua D. Manuel II, números 28 a 30, na cidade do Porto) por 7 milhões de euros por parte de, o filho do ministro angolano da Energia e Águas. Ana Borges, a mulher do ministro, que por sua vez é sócio da empresa Megawatt, que presta serviços a ENDE, empresa estatal de electricidade que teve no passado João Baptista Borges como PCA.
Entre 2011 e 2012 a “Megawatt” recebeu contratos de euros 329 mil com a Ambergol, uma empresa que tem contratos com este departamento ministerial cujo titular é o esposo, Borges.
Negociações fracassadas
A investigação estava para ser apresentada em março de 2020, mas uma proposta dos visados forçou o seu adiamento e o despedimento da equipa de investigação.
A proposta tinha como objectivo a compra da TVI por altos dignatários angolanos, envolvidos na reportagem. Ao fim de alguns meses, as negociações não tiveram resultados e a estação decidiu retaliar.
Analistas questionaram as razões da entrada de capital angolano na TVI e o silêncio de João Lourenço em relação a várias denúncias.
Volvidos estes anos, Edeltrudes nunca foi notificado pelas autoridades judicias angolanas, muito menos portuguesas, pela prática de crimes económicos. Já em 2020, analistas ouvidos pelo Confidence News, manifestaram dúvidas quanto a uma eventual actuação da PGR de Angola no caso que envolve o mais influente colaborador de JLo.
Envolvido na tentativa de compra da TVI, estava também o antigo vice presidente de Angola, Manuel Vicente, outro protegido do PR.