Empresa ligada ao empresário chinês Sam Pa não pagava cash calls e os parceiros dividiram a sua participação. É o bloco onde se regista mais saídas este ano: a Eni, INA (croácia), NIS NAFTGAS (Sérvia) e a Maurel (França).
A China Sonangol International, empresa ligada ao empresário chinês Sam Pa, deixou de ter qualquer participação em blocos petrolíferos em Angola na sequência da distribuição coerciva da última participação (25%) que lhe restava, no caso o bloco 3/05A operado pela Sonangol, de acordo com o decreto executivo 127/23 de 10 de Outubro publicado em Diário da República.
Esta decisão partiu do Governo angolano depois de os parceiros deste bloco terem apresentado queixas em relação à inércia da empresa petrolífera que comprometiam a gestão do bloco. Ou seja, não pagavam os cash calls necessários ao investimento no bloco.
Quando uma empresa não paga cash calls é comum a sua parte do petróleo ser dividida entre os parceiros do bloco que pagaram as contas da concessão na sua conta. E quando fica muitos anos sem pagar, a sua divida é paga com a participação. E foi isso que aconteceu no Bloco 3/05A. Ao que o Expansão apurou, os problemas começaram após a detenção em 2015 do empresário Sam Pa na China, por suspeitas de corrupção.
A maior fatia da participação da China Sonangol internacional ficou para a operadora do bloco, a Sonangol, que viu a sua participação subir dos 25,00% para os actuais 33,33%. Os franceses da Maurel e Prom Angola S. A., que estão de saída, viram a sua participação crescer para 26,68%, enquanto a Azule Energy (BP e ENI) que também está de saída viram a sua participação crescer dos anteriores 14,00% para os actuais 16,00%.
Também beneficiaram da divisão da participação da China Sonangol Internacional a Etu Energias, que agora passa a ter 13,33% contra os anteriores 10,00%. Já os sérvios da NIS NAFTGAS (também de saída) viram a sua participação crescer para 5,33% contra os anteriores 4,00%. E por fim os britânicos da Afentra também elevaram a sua participação para 5,33%.
A China Sonangol internacional é uma empresa que tinha ligações a Sam Pa e que ganhou notoriedade no período em que este empresário chinês era um dos principais rostos dos negócios em Angola. Aliás, foi através da compra de 55% a esta empresa que a Sinopec (petrolífera estatal chinesa) adquiriu parte dos activos que tem hoje em Angola.
Segundo fontes do Expansão, com a prisão de Sam Pa a China Sonangol International ficou sem dinheiro e acumulou uma série de dívidas em Angola, sobretudo com o seu principal parceiro, a Sonangol, tendo a petrolífera estatal angolana na qualidade absorvido parte dos seus passivos no consórcio onde estavam, o que levou a que esta divida fosse aumentando ano após ano. Nalguns blocos a solução encontrada foi entregar parte dos activos desta empresa à Sonangol como forma de pagamento da dívida.
Aliás, foi por conta deste litígio que a Sonangol entrou para alguns blocos em que não tinha participação, como é caso do bloco 18 onde não tinha qualquer participação e onde hoje tem uma participação de 16,28%.
Saída de quatro empresas
O Bloco 3/05A tem uma produção petrolífera muito reduzida. A China Sonangol International acaba por ser a quinta empresa que irá sair deste bloco só este ano, depois dos croatas da INA, que venderam a sua participação aos britânicos da Afentra. Já os sérvios da NIS NAFTGAS e os francês da Maurel e Prom, estão a vender as suas participações à Etu Energias. Quanto à Azule Energy está igualmente a vender a sua participação à Afentra. Processos que aguardam autorização da ANPG há mais de um ano.
Fonte: Expansão