Corrupção em Angola: “Só mudou o modus operandi”

O panorama de combate à corrupção em Angola demonstra mudanças, mas essas não são suficientes para erradicar a prática, apenas alteram seu “modus operandi”, afirma João Malavindele, coordenador da ONG Omunga.

Em entrevista à DW África, Malavindele reconhece esforços do Executivo, como a melhoria na legislação e medidas de recuperação de ativos. No entanto, destaca a persistência da corrupção e a falta de transparência sobre o uso dos fundos recuperados.

A política anti-corrupção do presidente João Lourenço, incluindo ações contra figuras de alto perfil como a empresária Isabel dos Santos, recebeu elogios internacionais, inclusive dos Estados Unidos. Contudo, Malavindele sugere que tal reconhecimento internacional pode ter outras motivações e enfatiza a preocupação da sociedade civil com a adjudicação direta de obras públicas e a falta de clareza sobre o destino dos ativos recuperados.

Por fim, Malavindele questiona o impacto real dessas políticas no cotidiano dos angolanos. Apesar de reconhecer a importância de retornar ao Estado bens obtidos ilicitamente, ele aponta que os benefícios tangíveis, como melhorias na saúde, infraestrutura e acesso a serviços básicos, ainda não são percebidos pela população.

O combate à corrupção, portanto, deve ser inclusivo e produzir resultados que melhorem a qualidade de vida dos cidadãos, algo que ainda não se vê em Angola.

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