Grupo Carrinho é responsável pelo armazém Bem Barato que está no espaço da FAA na Base Central Alimentar em Luanda. Além da titularidade da empresa, o grupo tem também um contrato de fornecimento de produtos às FAA.
No interior da Base Central Alimentar das Forças Armadas Angolanas existe um armazém “Bem Barato” que se dedica à venda a grosso de bens alimentares e outros produtos domésticos à população em geral. Ou seja, não há limitação no acesso, são fundamentalmente vendedores informais, comerciantes do centro da cidade e população que conhece o estabelecimento, que frequenta este espaço.
Quando existe escassez de produtos enlatados ou de primeira necessidade nos mercados informais o movimento aumenta na loja, de acordo com o que foi explicado à nossa reportagem. O preço e a diversidade de oferta são as principais atracções desta loja.
Este armazém pertence ao grupo Carrinho Empreendimentos, Lda, apurou o Expansão, e tem parceria com as Forças Armadas Angolanas, segundo consta no letreiro da infraestrutura. Os trabalhadores do estabelecimento são civis, de acordo com visita ao local.
Por exemplo, a caixa de óleo vegetal Tio Lucas custa 20.900 Kz contra os 29.450 Kz que custa num armazém do mercado dos Congolenses, e o saco de farinha de trigo Tio Lucas está a 16.950 Kz, contra os 23.320 no mesmo local. Já a caixa de lixívia Puma está a ser comercializada a 5.800 Kz contra os 9.500 Kz que custa num armazém do São Paulo. Estes são apenas três exemplos da diferença de preços face aos mercados mais conhecidos da capital.
Uma consulta feita pelo Expansão no Diário da República, indica que a empresa Bem Barato – Comércio a Grosso, Lda. tem a sede na cidade do Lobito, bairro da Restinga, e foi criada com um capital social de 100.000 Kz dividido e representado por três quotas, sendo uma no valor nominal de 50.000 Kz pertencente ao sócio Nelson Fidel Candundo Carrinho, e duas quotas e iguais no valor nominal de 25.000 Kz, cada uma delas pertencente aos sócios Rui Alves Candundo Carrinho e Leonor Lusitano Candundo Carrinho.
Em 2019 houve mudança na estrutura accionista, onde os referidos proprietários passaram as acções individuais para a empresa Carrinho Empreendimentos, Limitada. No final deste movimento a entidade passou a deter 90% do capital social e 10% ficaram para a senhora Leonor Carrinho.
O Expansão confirmou junto do responsável pela comunicação do Grupo Carrinho, José Pedro, que o armazém pertence à empresa e que tem uma parceria com as FAA de vendas com descontos consideráveis de produtos alimentares para os militares. Mas não foi possível esclarecer outras questões sobre esta parceria.
Há várias questões que se levantam: É possível um armazém aberto ao público funcionar dentro de uma unidade militar? Que tipo de parceria a Carrinho Empreendimentos fez com as FAA? Como é que uma empresa privada explora um espaço comercial dentro de uma unidade militar? Houve concurso? Quem é que controla o abastecimento do armazém?
Segundo apurou o Expansão, os produtos comercializados ali, como o óleo alimentar, são de marcas que pertencem à empresa Carrinho. “Se há uma parceria, então, estas coisas podiam ter sido explicadas e tornadas públicas, uma vez que as FAA é uma entidade pública”, comentou um jurista que preferiu o anonimato.
Não sendo um assunto confortável para a maioria das pessoas que contactámos, o Expansão optou por pedir esclarecimentos ao ministério da Defesa, mas até ao fecho da edição não obtivemos qualquer resposta.
Fonte: Expansão