Durante a análise do cenário político angolano, neste sábado, no programa Conversas Essenciais, a socióloga Luzia Moniz fez declarações contundentes sobre a aproximação de João Lourenço a um possível terceiro mandato, destacando o papel de Abel Chivukuvuku como peça-chave nesse processo.
Chivukuvuku que viu o Tribunal Constitucional legalizar o seu partido político PRA JA Servir Angola e a seguir um convite do Presidente da República para ser membro do Conselho da República, tem sido o centro do debate político nos últimos dias.
Moniz apontou que Chivukuvuku, com uma trajetória política marcada por sua ambição, desde a sua participação na UNITA renovada de Manuvakola até à sua recente nomeação para o Conselho da República, sempre teve como objetivo central a liderança. “Chivukuvuku não aceita menos do que ser líder”, afirmou. A activista relembrou a criação da CASA-CE, uma dissidência da UNITA, fruto do descontentamento de Chivukuvuku ao ver impedimento de alcançar a liderança dentro da UNITA. Segundo Moniz, a trajetória de Chivukuvuku é marcada por projetos que visam mais a sua ascensão pessoal do que um real impacto nacional.
A socióloga foi enfática ao dizer que o presidente João Lourenço está mais próximo de um terceiro mandato do que no ano anterior, com Abel Chivukuvuku desempenhando o papel de facilitador desse processo.
Para Moniz, a atual constituição angolana coloca a oposição em desvantagem, uma vez que o MPLA pode continuar no poder mesmo com apenas 30% dos votos, desde que nenhum outro partido alcance a mesma marca. “Com a constituição atual, não é possível a oposição chegar ao poder”, comentou.
Moniz também observou a desintegração da Frente Patriótica Unida (FPU), que anteriormente era vista como uma coaligação sólida para desafiar o poder do MPLA. A tomada de posse de Chivukuvuku no Conselho da República foi simbólica nesse sentido, e segundo a socióloga, o semblante de Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, durante a cerimônia “dizia tudo”. Moniz acredita que essa derrota marca o início do declínio de Adalberto na liderança da UNITA, que, com a legalização do partido de Chivukuvuku, PRA-JÁ, deverá enfrentar clivagens internas ainda mais profundas.
A socióloga prevê que, já no próximo ano, será visível o agravamento das divisões dentro da FPU, enfraquecendo ainda mais a oposição e favorecendo a continuidade do MPLA no poder, com Chivukuvuku desempenhando um papel crucial nesse processo.
Outro interveniente no debate, David Boyo, pensa que Lourenço tem uma estratégia de “matar três coelhos com uma só cajadada”. Esse plano incluiria destruir o Abel, partindo do princípio de que há um acordo com o Abel, considerando o Abel como uma marionete.
Se isso se concretizar, provavelmente seria o fim de Chivukuvuku, disse o analista que acredita que a sociedade angolana não o perdoaria.
Boyo relembrou que há algum tempo, na academia questionou estudantes que estavam ligados a UNITA a razão de não apostarem em Abel. Um dos estudantes lhe disse que a ambição de Abel querer ser presidente, levantava receios de que seria capaz de fazer tudo para alcançar o seu desejo.
O advogado Sérgio Raimundo, disse no programa que o ambiente de suspeição em torno de Abel Chivukuvuku aumenta por causa de declarações do próprio no programa ao Reencontro com a História, organizado pela Movimento dos Estudantes Angolanos, onde afirmou que é amigo de João Lourenço e que têm tido contacto permanente.
Raimundo também pensa que Abel não está preocupado com a felicidade dos angolanos, mas sim na sua ambição pessoal de ser presidente de Angola.