Luanda Leaks: Isabel dos Santos desenha tática com equipa inglesa

Isabel dos Santos

A Powerscourt é a mais recente contratação da empresária para reforçar a equipa de defesa. Esta empresa de relações públicas junta-se à Schillings, gestora de crise, e à Grovesnor Law, uma firma de advocacia. Todas sediadas no Reino Unido.

Isabel dos Santos continua a globalizar a sua batalha contra a justiça angolana (e também a portuguesa) recorrendo a agências internacionais. Londres transformou-se agora no quartel-general a partir do qual procura validar a tese de que os processos de que é alvo em Angola têm uma inequívoca motivação política.

Os últimos comunicados da empresária, em que acusa a Procuradoria-geral da República de Angola de utilizar provas forjadas na acusação que produziu sobre si, além de Portugal e Angola, foram ainda divulgados em outros países europeus, nomeadamente Reino Unido e França.

Para tal, Isabel dos Santos contratou agora a agência britânica de relações públicas Powerscourt, liderada por Rory Godson, que foi diretor de assuntos corporativos do Goldman Sachs e editor de negócios do Sunday Times e cuja diretora administrativa é Victoria Palmer-Moore, com uma carreira na qual se destacam passagens pela UBS, Merrill Lynch e Morgan Stanley.

Actualmente, Durão Barroso dirige o Goldman Sachs International, por onde passou Rory Godson. O antigo presidente da Comissão Europeia é uma das personalidades portuguesas mais respeitadas pelo antigo chefe de Estado da Angola, José Eduardo dos Santos, uma relação que nasceu quando Durão Barroso, enquanto secretário de Estado dos Assuntos Externos e Cooperação de um governo PSD, assumiu um papel determinante para se alcançar os chamados acordos de Bicesse, um entendimento entre o MPLA e a UNITA assinado em maio de 1991 e que foi o primeiro passo para a realização de eleições em Angola no ano seguinte.

Além da Powerscourt, Isabel dos Santos conta ainda com os serviços de outras duas empresas britânicas. Uma delas é a Schillings, especialista na gestão de crises e à qual já recorreram figuras como Cristiano Ronaldo e o casal real Príncipe Harry e Meghan Markle, e, a outra, a Grovesnor Law, uma firma da advocacia.

Esta última, em maio deste ano, pediu à Interpol que investigue as irregularidades que diz existirem no processo contra Isabel dos Santos. “Uma intenção de evidências fabricadas começa agora a emergir, o que evidencia uma agenda politicamente motivada. As autoridades angolanas recorreram a meios desesperados para garantir que a senhora engenheira Isabel dos Santos não se pudesse defender em tribunal, sabendo que não conseguiriam garantir a ordem de arresto de bens caso os documentos falsos fossem expostos”, escreveu o sócio sénior da Grovesnor Law, Dan Morrison, numa carta enviada à Organização Internacional de Polícia Criminal.

O causídico acrescenta que “a revelação deste memorando contendo referências a uma transacção inteiramente fictícia tem implicações para além de Angola – as autoridades portuguesas adoptaram e executaram a ordem de Angola no âmbito de uma convenção entre os países da CPLP. Um membro de longa data da União Europeia acabou por arrestar activos, baseado em provas fraudulentas. O abuso de processo de justiça e a mistura de processos e de provas é tal que as ordens judiciais devem ser nulas e retiradas imediatamente. A Interpol deve também investigar esta admissão de que um empresário privado poderia ter solicitado a agentes angolanos ‘serviços remunerados’”.

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