Serra da Estrela. O ponto mais alto… das férias de Verão

Serra da Estrela. O ponto mais alto… das férias de Verão

Se quando pensa em Serra da Estrela pensa só em neve e desportos de inverno, pense melhor: o ponto alto das férias podem ser mergulhos e caminhadas à volta do ponto mais alto de Portugal Continental.

Não abundam, no território nacional, as montanhas com mais de 1500 metros de altitude. Já praias, rios, lagoas e locais idílicos para gastar sola em caminhadas memoráveis temos para a troca. Por isso, é natural que ao pensar nas grandes montanhas nacionais não se pense, também, que nelas se pode fazer tudo aquilo que se faz noutras paragens ao nível do solo, nomeadamente mergulhos e passeios.

Corrija-se, porém, o preconceito. Porque não só é possível fazer tudo isso, como é muitíssimo recomendável fazê-lo. Sobretudo quando se fala da serra mais alta de Portugal Continental, a Serra da Estrela, cujo Parque Natural se estende por mais de 2200 quilómetros quadrados e foi distinguido, no final de 2019, como Geopark Mundial da Unesco. A beleza e o interesse desta reserva biogenética não se esgota nem resume na subida aos 1993 metros de altitude da Torre. Longe disso.

Os trilhos inesquecíveis

Está em forma? É bom que esteja, espalhados pela Serra da Estrela estão mais de 300 quilómetros de trilhos marcados no terreno. Leu bem, 300. Mais do que a distância que separa Lisboa e Porto. Muitos deles são exigentes fisicamente, tanto pela distância, como pelos declives e pela altitude em que se situam, que torna o ar mais rarefeito. Mas as paisagens valem o esforço. Por exemplo: o Covão dos Conchos, o famoso túnel que encaminha as águas da Ribeira das Naves, e que se tornou célebre depois de um vídeo viral, é acessível apenas através do trilho homónimo, que começa e acaba na Lagoa Comprida e que é imperdível para todos os que queiram explorar devidamente o coração da Serra da Estrela.

Para contemplar o famoso Vale Glaciário do Zêzere, a melhor opção também é a pé, percorrendo o trilho que separa a vila de Manteigas da Torre. São 17 quilómetros de extensão na sua totalidade — aconselha-se a garantir transporte para o regresso, caso a intenção seja cumpri-lo na íntegra. Este trilho, pode, no entanto, ser cortado sensivelmente para metade, precisamente no Covão d’Ametade, o ponto alto percurso: uma incrível lagoa de origem glaciar que marca o local onde o caudal do Zêzere começa a ganhar pujança.

Para os mais exigentes, sugerimos a rota do Maciço Central. O trilho, que começa no Covão d’Ametade, passa por locais emblemáticos, como Covão Cimeiro, os Cântaros (Magro, Gordo e Raso), a Lagoa dos Cântaros, a Lagoa da Paixão e as Salgadeiras. O percurso pode ser perigoso e requer, sempre, cuidados, mas as paisagens compensam o esforço, devido à sua beleza natural. Se fizer este percurso, não perca a Nave da Mestra, um local para os que gostam de explorar sítios menos conhecidos. Este local, há muito tempo, serviu como abrigo a pastores e aos seus rebanhos. Hoje, além dos pastores, abriga também montanheiros que aqui se refrescam e ganham forças.

Uma quarta sugestão nesta matéria é o Trilho das Faias, que parte da chamada Cruz das Jogadas, à saída de Manteigas e penetra numa floresta de faias — daí o nome — passando pela capela de São Lourenço, de origem pagã, com vista desafogada que atinge as Penhas Douradas e até as serras que se estendem para lá da fronteira. Um ótimo site para consultar é a este respeito é o Manteigas Trilhos Verdes que possui, igualmente, uma aplicação para telemóveis com toda a informação essencial.

Em Loriga, destacamos a Rota da Garganta de Loriga, um dos trilhos onde pode entrar mais em contacto com a Natureza. A rota faz a ligação entre o planalto superior da Serra da Estrela e a vila de Loriga. Apesar de ser um percurso belíssimo, é também muito exigente e requer calçado adequado e também requer cuidado.

Por último, sugerimos a Rota da Caniça, que começa e termina no mesmo sítio: na Lapa dos Dinheiros. Aproveite para conhecer o vale da ribeira de Caniça e descanse um pouco enquanto aprecia as maravilhosas quedas da Caniça.

E já que falamos da zona da Serra da Estrela, é importante mencionar a Rota dos Pastores, na Covilhã. É um percurso curto e que decorre no planalto adjacente às Penhas da Saúde, dando uma ótima vista da realidade da Serra da Estrela. É um passeio que convida ao conhecimento da vivência dos pastores e da natureza no seu esplendor. E já que estamos pela Covilhã, é importante referir a Grande Rota do Zêzere, um percurso de 370km e que pode ser feito a pé, de bicicleta ou de canoa, fica ao critério da vontade de cada um. Este é um percurso que acompanha o rio Zêzere desde a nascente, na Serra da Estrela, até à foz, em Constância. Prepare-se para descobrir um dos rios mais bonitos do país e envoltos numa Natureza única.

Se pretende conhecer parte da Serra da Estrela de uma forma diferente, opte pelos passeios de telecadeira, presentes na Estância de Ski – Lagoa do Covão das Quilhas e conheça, ainda, o Património Natural e Cultural deste local no Centro de Interpretação do Geopark Estrela, um local onde pode conhecer a Serra da Estrela de diferentes pontos de vista e de uma forma ainda mais aprofundada.

As cascatas e praias fluviais

Não se pense, porém, que na Serra da Estrela tudo acontece com os pés assentes na terra. Também há muito para acontecer com a cabeça dentro de água. O respetivo Parque Natural está cheio de lagoas, cascatas e praias fluviais onde é possível refrescar o corpo e dar umas braçadas.

Por exemplo, a cascata do Poço do Inferno, dez quilómetros a sul de Manteigas, é uma das mais bonitas da região. Para chegar a esta cascata, deve fazer o trilho do Poço do Inferno. Aproveite que está nesta zona e combine este trilho com o da Rota do Javali e percorra florestas magníficas e super coloridas. Se no inverno as respetivas águas estão gélidas, já no verão convidam, sem dúvida, a um mergulho. Mas não são as únicas.

Em Loriga, pequena vila a 700 metros de altitude frequentemente descrita como a Suíça portuguesa, a praia fluvial local também é de passagem obrigatória nos meses mais quentes do ano. As águas vêm diretamente da Serra em constante fluxo, o que garante duas coisas, uma cor cristalina e uma temperatura que, acima de tudo, refresca. Já a vista encanta.

Já ouviu falar no Vale do Rossim? Fica no centro da Serra da Estrela, nas Penhas Douradas, e perto do maior vale glaciário da Europa, estende-se a praia do Vale do Rossim e é uma das praias mais famosas do Parque Natural da Serra da Estrela. É um local único para mergulhos, para conhecer a praia de canoa ou kaiak ou, até, para fazer stand-up paddle.

Não muito longe de Loriga, na Barriosa, o Poço da Broca é a sugestão final para mergulhos de verão nesta zona. As cascatas levam a água até à pequena lagoa que durante estes meses se transforma numa belíssima praia fluvial, com direito a parque de merendas e a um excelente restaurante com vista privilegiada para todo este cenário, o Guarda Rios.

Opções para umas férias de verão em puro contacto com a Natureza não faltam na Serra da Estrela. Basta ter vontade de conhecer e explorar.

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