A campanha para as eleições presidenciais de 20 de dezembro na República Democrática do Congo (RDC) começou em todo o país, no passado domingo (19.11). Mas o contexto em que arranca não é o melhor, num momento em que ocorrem conflitos comunitários em diversas províncias.
O atual Presidente, Félix Tshisekedi, de 60 anos, que chegou ao poder em 2018 após uma eleição disputada, procura a reeleição.
No domingo, Tshisekedi lançou oficialmente a sua campanha no Estádio dos Mártires, onde foi aplaudido por 80 mil apoiantes, apesar da chuva constante.
O atual chefe de Estadoi elogiou as conquistas do seu governo, sublinhando que a sua política de educação gratuita tinha sido um sucesso. Embora “os nossos irmãos na FCC [a Frente Comum da oposição para o Congo] me tenham dito que eu não teria sucesso”, referiu.
Tshisekedi também pediu aos apoiantes que lhe dessem um segundo mandato para consolidar suas conquistas: “Os outros virão e começarão do zero. É melhor consolidar o que já começamos”.
Uma nova coligação para Tshisekedi
Uma coligação com a FCC permitiu que Tshisekedi fosse eleito Presidente em 2019. Contudo, o Presidente afirma que o acordo prejudicou o desempenho do seu governo durante os primeiros dois anos da sua presidência.
Para as eleições de 2023, Félix Tshisekedi formou uma nova coligação chamada União Sagrada da Nação.
Esther Mampuya, apoiante da nova plataforma política de Tshisekedi, assistiu ao lançamento da campanha em Kinshsa, capital da RDC.
“Tudo o que queremos é um segundo mandato para mostrar o que ele é capaz de fazer por este país. Ele pode fazer mudanças que as pessoas consideram impossíveis [de fazer]”, disse Mampuya à DW.
Um total de 26 candidatos concorrem à presidência, incluindo alguns candidatos de destaque como Martin Fayulu, um ex-executivo da Exxon Mobil, de 66 anos.
Oposição procura frente unida
Martin Fayulu, que ficou em segundo lugar nas eleições de 2018, contestou o resultado na época, alegando que a sua vitória foi roubada. No domingo, lançou a campanha em Bandundu, cerca de 400 quilómetros a nordeste da capital.
Outro dos candidatos é o ginecologista cirúrgico Denis Mukwege, que ganhou o Prémio Nobel da Paz de 2018, pela luta contra a violência sexual como arma de guerra, e concorre pela primeira vez.
Na cidade de Kisangani, Moïse Katumbi, considerado um dos rivais mais sérios do atual Presidente, também arrancou com a sua campanha.
Katumbi, um empresário milionário e antigo governador da região rica em cobre de Katanga, é apoiado pelo antigo primeiro-ministro Augustin Matata Ponyo, que desistiu da corrida.
Representantes dos principais partidos da oposição iniciaram na semana passada conversações em Pretória, na África do Sul, para decidir sobre um potencial candidato conjunto para desafiar Tshisekedi. Matata afirma que “a urgência dita um único candidato da oposição” e acusa o governo congolês de preparar uma “fraude eleitoral em massa”.
O candidato Martin Fayulu disse à agência de notícias Reuters que “a questão de uma candidatura conjunta certamente será discutida no devido tempo”. Mas sublinhou que a principal preocupação na África do Sul era chegar a acordo sobre regras básicas para a realização de eleições pacíficas.
A ameaça da insegurança
O leste do país tem sido devastado por combates durante três décadas. O conflito reacendeu-se recentemente, depois do grupo M23, alegadamente apoiado pelo Ruanda, ter ocupado grande parte da província do Kivu do Norte.
Há preocupações de que as campanhas possam ser prejudicadas por este e outros conflitos em diversas partes do país.
“Os conflitos foram acentuados por ele [Tshisekedi] quando desceu ao tribalismo”, disse à DW José, um residente de Lubumbashi que não quis revelar o seu apelido.
“Queremos que estes conflitos acabem e que haja emprego e paz neste país”, disse à DW Mutampwa, outro residente de Lubumbashi.
Eleição marcada por dificuldades
Um relatório recente do grupo de reflexão global International Crisis Group (ICC) afirma que existem vários fatores que colocam em risco as próximas eleições.
“As tensões políticas estão a aumentar. Os preparativos para as eleições incluíram controvérsias e oportunidades perdidas de melhoria”, lê-se no relatório.
Mais de 43 milhões de eleitores registados são elegíveis para participar nas eleições presidenciais.
Fonte: DW