Manuel Vicente suspeito de lavar dinheiro sujo na Somoil

Antigo vice-presidente injectou dinheiro de forma de mestre na Somoil.

A Somoil investiu mais de 1,2 bilhão de dólares em aquisições no sector petrolífero desde o início de 2022. Segundo apurado, isso resultou numa mudança excepcional de dimensão para a empresa, que por um longo tempo se contentou com os seus interesses em pequenas licenças offshore, como 03/05 e 02/05, e os blocos onshore FS, FST e CON-1.

De acordo com o África Intelligence, a Somoil conseguiu fazer todas essas aquisições depois de ter se beneficiado, como outras empresas angolanas, de uma amnistia concedida no início da presidência de João Lourenço o que lhe permitiu repatriar fundos que tinha mantido fora do país.

Manuel Vicente que foi vice-presidente angolano de 2012 a 2017, oficialmente não é mais acionista da Somoil e o seu nome não aparece em nenhum dos documentos oficiais da empresa. No entanto, ele é a força motriz por trás da expansão da empresa. Conta com o apoio de João Lourenço, que está determinado em fazer da empresa um gigante da indústria petrolífera angolana que é em grande parte dominada por empresas ocidentais. Além disso, o facto de João Lourenço ter escolhido a empresa de Vicente para esse fim não foi coincidência.

Quando João Lourenço foi afastado do cargo de secretário-geral do MPLA em 2003, Vicente, que era PCA da Sonangol, o ajudou financeiramente e o ajudou a manter contato com José Eduardo dos Santos. João Lourenço tornou-se ministro da Defesa em 2014, vice-presidente do MPLA em 2016 e foi então selecionado como candidato do partido nas eleições presidenciais de 2017, que acabou por vencer.

JLO e Vicente são inseparáveis desde o início dos anos 2000 e Vicente, que agora vive no Dubai, continua a aconselhar João Lourenço em questões financeiras e de petróleo. É altamente improvável, portanto, que haja qualquer tentativa de processar Manuel Vicente neste mandato.

Recorda-se que em meados de fevereiro, a Somoil, agora liderada pelo ex-executivo da Sonangol, Édson dos Santos, pagou US$ 830 milhões pela participação de 9% da GALP no Bloco 14 operado pela Chevron e a sua participação de 4,5% no Bloco 14-K, também operada pela Chevron, bem como a sua participação de 5% no Bloco 32, que foi colocada em produção pela TotalEnergies. Ao todo, os interesses da Galp representam um total de produção de 10.400 bpd.

Esta compra, que ainda precisa ser aprovada pela ANPG, é apenas a mais recente de uma longa série. Em 2022, a Somoil comprou as participações da Inpex do Japão e da TotalEnergies da França nos blocos 14 (20%) e 14T (10%), bem como a participação de 2,5% detida pela PTTEP da Tailândia no Bloco 17/06 operado pela TotalEnergies.

No início do ano passado, com a Sonangol P&P, também pagou US$ 355 milhões por participações nos blocos 18 (8,28%), 31 (10%) e 27 (25%).

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