A forte desvalorização do Kwanza, acompanhada de uma elevada inflação nos últimos anos, tem gerado impactos significativos no funcionamento da rede Multicaixa em Angola.
De acordo com fontes da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), citadas pelo Jornal Expansão, a alta demanda por notas e moedas e o baixo valor facial das cédulas em circulação estão entre os principais motivos para as extensas filas e dificuldades operacionais nos caixas automáticos. O Banco Nacional de Angola (BNA), por sua vez, tem hesitado em elevar os limites diários de levantamento e introduzir notas de valor mais alto devido a preocupações com a inflação.
Em 2014, o limite diário de levantamentos era de 36 mil Kz, que na situação econômica atual corresponderia a aproximadamente 300 mil Kz. Entretanto, esse limite não se ajustou à desvalorização da moeda, mantendo-se atualmente em 100 mil Kz.
Segundo a EMIS, em Novembro de 2023, a rede Multicaixa dispensou no total 330 mil milhões Kz, mais de 360 milhões USD, um aumento de 8,6% em relação ao ano anterior. Em dias de maior movimento, o valor pode atingir 18 mil milhões Kz (cerca de 22 milhões USD).
A distribuição das notas na rede também tem sido um desafio. Em Novembro de 2023, as notas de 500, 1.000 e 2.000 Kz representavam 75% dos carregamentos, apesar de valerem relativamente pouco em termos de dólar americano. As notas de 5.000 Kz, com valor um pouco acima de 6 USD, constituíam apenas 25% dos carregamentos.
A combinação de questões técnicas e gerenciais, a escassez de caixas automáticos ativos e a instabilidade macroeconômica têm sido os principais fatores por trás das longas filas e confusões frequentes nas proximidades dos Multicaixas, especialmente em Luanda e outras grandes cidades. Esses problemas têm levado a EMIS a pressionar o BNA por mudanças nos regulamentos e nos limites de levantamento, numa tentativa de mitigar os desafios enfrentados pelos usuários da rede Multicaixa.