Metade dos africanos acredita que ficaria sem dinheiro após 14 dias

Metade dos africanos acredita que ficaria sem dinheiro após 14 dias

Metade dos africanos acredita que ficaria sem dinheiro após 14 dias

Metade dos africanos acredita que ficar em casa 14 dias significaria perder todo o seu dinheiro e 69% receiam ficar sem alimentos ou água, um receio mais acentuado no centro e oeste do continente.

Sete em cada 10 africanos consideram que a alimentação e a água seriam um problema se ficassem confinados em casas durante 14 dias, devido à Covid-19, e metade acredita que ficariam sem dinheiro, segundo um inquérito, divulgado esta terça-feira.

O inquérito, resultado de mais de 150 mil entrevistas realizadas entre 29 de março e 17 de abril aos residentes de 28 cidades de 20 países africanos, revela que 69% receiam que as medidas de prevenção do novo coronavírus os deixem sem alimentos ou água, um receio mais acentuado nas regiões centro e oeste do continente.

Além disso, 51% dos inquiridos acreditam que ficar em casa durante 14 dias significaria perder todo o seu dinheiro, uma percentagem que sobe para 61% entre os inquiridos da África Ocidental.

O inquérito, intitulado “Responding to Covid-19 in Africa: Using Data to Find the Balance”, foi promovido pelo Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC), Organização Mundial de Saúde (OMS), Fórum Económico Mundial, entre outras organizações, e pretendeu recolher dados para ajudar a moldar a resposta à pandemia em África.

“Sabíamos que a Covid-19 era uma ameaça para África, pelo que reagimos muito rapidamente”, afirmou esta terça-feira, durante a conferência de imprensa virtual de apresentação dos dados, John Nkengasong, diretor do África CDC.

Nkengasong afirmou que “a resposta mais bem-sucedida à Covid-19 deve considerar o contexto e adaptar-se a ele, tem de se basear em dados”.

O inquérito mostra que um terço dos inquiridos diz não ter informação suficiente sobre a doença e um em cada quatro quer mais indicações sobre a forma de se proteger.

Questionados sobre potenciais remédios para curar a doença, menos de 12% apontaram como hipótese beber lixívia ou outros detergentes, mas quase 60% acreditam que se pode prevenir a doença comendo limão e tomando vitamina C.

“Este inquérito destaca as enormes lacunas de informação sobre a Covid-19 que existem em África e que ameaçam a resposta”, afirmou, por seu lado, a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.

A maioria dos entrevistados apoia as medidas tomadas nos seus países para prevenir a infeção, sendo os confinamentos urbanos e as restrições aos transportes as medidas menos populares.

Os jovens são os mais céticos quanto à informação fornecida pelos governos.

A África continua a ser o continente menos afetado pela epidemia, cerca de 47 mil casos e 1.843 mortes registadas em 53 países, mas as autoridades sanitárias permanecem cautelosas e insistem na necessidade de aumentar os testes, acompanhar os casos e isolar os suspeitos.

“A explosão de casos que vimos noutras partes do mundo ainda não se materializou em África e não sabemos porquê”, disse o presidente da organização “Resolve to Save Lives”, Tom Frieden, que apelou à contenção e “à preparação para o pior, esperando o melhor”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 251 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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