Conglomerado empresarial fundado por Dino e Kopelipa está a renegociar junto da banca os financiamentos recebidos anteriormente. Equipa de gestão admite que vai reestruturar dívida para reduzir elevado grau de exposição. Número de trabalhadores baixou de 869 para 696 em um ano.
Apesar de ter reduzido os prejuízos entre 2021 e 2022, o relatório e contas do Grupo Zahara demonstra que a entidade mantém-se em falência técnica, já que o passivo total é maior que o activo totalm, o que faz com que tenha capitais próprios negativos de 77,2 mil milhões Kz. Com a privatização da rede de hipermercados Kero, o grupo, que agora faz parte do Sector Empresarial Público (SEP), ficou sem a principal fonte de rendimentos, estando neste momento praticamente confinado à gestão dos imóveis e terrenos que possui.
Em 2021, os prejuízos do Grupo Zahara rondaram os 18,6 mil milhões Kz, enquanto o último exercício económico (2022) ficou marcado por uma redução dos prejuízos para 11,4 mil milhões Kz. Também o número de trabalhadores diminuiu consideravelmente entre 2021 (869) e 2022 (696).
Por outro lado, o capital próprio negativo (ver gráfico) passou de 65,8 mil milhões Kz, em 2021, para 77,2 mil milhões Kz em 2022, um agravamento que augura dias difíceis para a gestão do referido grupo empresarial.
Ao contrário daquilo que indicam as boas práticas de gestão e de prestação de contas, as demonstrações financeiras publicadas pelo Grupo Zahara não foram acompanhadas pelo relatório do auditor independente, o que não permite conferir a veracidade da informação divulgada.
De acordo com o relatório publicado pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), instituição afecta ao Ministério das Finanças que tutela o SEP, a celebração, em Janeiro de 2022, do contrato de privatização n.º 05/2022, através da cessão do direito de exploração e gestão da rede de hipers e supermercados da insígnia Kero que, “como é consabido, era o principal negócio e alavanca de todos os demais negócios desenvolvidos pelo Grupo Zahara, houve uma profunda reformulação e mudança de paradigma na definição dos objetivos estratégicos do grupo, que doravante passaram a ser: a gestão e acompanhamento do supracitado contrato celebrado com o novo operador e pagamento da dívida histórica contraída nos anos anteriores, antes da integração” do grupo no SEP. Esta intenção está reflectida no relatório financeiro de 2022, que indica que os empréstimos de médio e longo prazo não foram amortizados, mas também não foram contraídos novos acordos deste género: o valor em dívida mantém-se, de 2021 para 2022, nos 79,5 mil milhões Kz.
A rubrica “Contas a Pagar” – normalmente associada às dívidas com fornecedores – mostra uma ligeira redução de 101,2 mil milhões Kz (em 2021) para 93,8 mil milhões Kz. Também os empréstimos de curto prazo baixaram de 4,2 mil milhões Kz (2021) para 4,0 mil milhões Kz.
Para diminuir o peso da dívida na actividade das empresas que fazem parte do Grupo Zahara, o conselho de administração decidiu encaminhar “as receitas financeiras provindas da taxa de gestão e exploração das lojas Kero, pagos pela entidade gestora, bem como a alocação das demais receitas provindas da gestão e actividade dos demais activos do grupo, nomeadamente da Zahara Imobiliária e da Zahara Indústria, para alcance deste desiderato”, explica a equipa de gestores no relatório financeiro anual.
O documento indica também que existe uma renegociação em curso (com os bancos comerciais) relativa aos termos e condições dos financiamentos contraídos pelas empresas do Grupo Zahara “visando a sua reestruturação, reduzindo assim o elevado grau de exposição de dívida contraída”.
O grupo empresarial afirma que “é expectável” que a situação “seja alterada durante o decorrer do presente ano”, com a retoma da actividade em pleno e em simultâneo de todas as lojas Kero e com a potenciação das receitas provindas da exploração dos activos do grupo, “em especial a rede Nosso Super”. No entanto, tendo em conta o contexto macroeconómico e o fraco crescimento económico, não se esperam grandes mudanças nos padrões de consumo das famílias e empresas, bastante afectadas pelos baixos salários e inflação elevada.
Fonte: Expansão