Massano e Tulumba na corrida para assumir controlo da Cimangola de Isabel dos Santos

A corrida pela Cimangola, uma das joias do império empresarial de Isabel dos Santos arrestadas pelo Estado, está a ganhar novos contornos, com figuras de peso do regime a posicionarem-se para assumir o controlo da emblemática fábrica de cimento. Entre os mais referenciados, destacam-se José de Lima Massano, Ministro de Estado para a Coordenação Económica que é um dos donos do Banco BAI, do qual já foi Presidente da Comissão Executiva durante 6 anos e o empresário Silvestre Tulumba, figura ligada ao Presidente da República, que entra no jogo pela empresa Mercons.

Pelo que já era espectável, a balança do concurso em que está em causa a fábrica de cimento CIF, pende para quatro
empresas, mas a Grinner aparece no topo da lista de entidades aprovadas para arrebatar este empreendimento fabril

A proposta de qualificação (preliminar) coloca a Grinner, onde se cruzam interesses do Banco BAI e de alguns gurus do regime no lugar cimeiro, dando já a entender que ela (Grinner), estará mais perto de ‘abocanhar’ a gestão da fábrica.

“Conforme previsto, no ponto 16.1 do programa de procedimento, a Comissão de Negociação, após análise e avaliação das candidaturas, decidiu propor a qualificação, para a fase de apresentação de propostas mediante licitação, em leilão electrónico, dos seguintes candidatos: Grinner/Ciment/Mercons, Mocambique Dugongo, S&H / Yufeng Cement, Ltd”, lê-se no documento preliminar de deliberação da comissão de negociação.

Mas fonte deste jornal questiona a idoneidade dos consórcios H&S / Yufeng e Huaxin Cement nestes termos: “A pergunta que se coloca é: será que com o volume de empreitadas em que a Grinner está envolvida o seu endividamento não passa os 5%?”, interroga, insistindo: “A Cimenfor que que aparece no consórcio com a Grinner é verdade que não tem rácio de endividamento superior aquilo que é exigido pelo caderno de encargos?”.

De acordo com o mesmo contacto, a Mercons, empresa de construção não tem exposição de endividamento, e sabe-se que é liderada por um dos irmãos mais novos do empresário Silvestre Tulumba, chamado Felix Kaposse, “o que a ser assim não credibiliza de nenhuma forma todo o processo inerente ao concurso”.

“A volta das alianças só demonstra que estamos cobertos de alguma razão. Uma razão que devia levar imediatamente aos proponentes do concurso à sua anulação, já que a ser assim fica todo ele viciado”, aponta a fonte, indicando que, “essa proposta de qualificação preliminar está envolta de muitas imperfeições e suspeitas que reeditam coisas que já vimos no anterior Governo do Presidente José Eduardo dos Santos”.

Por isso, alertam que o actual Executivo deve prestar atenção às manobras sobretudo de empresas com histórico duvidoso, muitas das quais com escritórios em paraísos fiscais, ou mesmo criadas à socapa para entrarem em negócios em Angola que acabam por não agregar valor ao país, mas sim aos de origem.

O Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), havia anulado em Outubro do ano passado o concurso, depois de verificadas irregularidades, voltando as unidades industriais do CIF , onde se inclui a fábrica de cimento, a concurso, em Janeiro deste ano, cujas candidaturas encerraram a 14 de Março último, perfilando-se já, em primeiro Plano, a Grinner, empresa onde se cruzam interesses do Banco Angolano de Investimentos (BAI). Uma relação que vem sendo questionada por altas entidades que acompanham a evolução da alienação dos activos recuperados pelo Estado há bastante tempo.

Estas fontes acham que a fábrica de cimento deve ser entregue a um concorrente de qualidade que tenha dado provas de gestão e com possibilidade de elevar a produtividade deste grande empreendimento fabril capaz de colocar no mercado 3,6 milhões de toneladas de cimento por ano, mas actualmente abaixo de uma produção que não ultrapassa os 15% da capacidade instalada, traduzindo-se na menor oferta do produto e aumento exponencial dos preços que já andam à volta dos sete mil kwanzas por unidade de 50 quilogramas.

Conseguirá a Grinner arcar com a requerida eficiência? É uma pergunta que fica no ar, numa altura em que antigos donos (chineses), que também pouco ou nada fizeram para aproveitar a capacidade instalada, a não ser, produzindo, para o cimento ‘escapar’ para o mercado da República Democrática do Congo (RDC), onde o produto chega a render dez vezes mais que em Angola, como referiu um antigo camionista que conhece os meandros do negócio na RDC.

C/Pungo a Ndongo

griner, Ciment, Mercons

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