O Ministério da Industria e Comércio garante que não haverá encerramento de nenhuma das oito lojas Candando e dá como falsas as notícias postas a circular por diversos órgãos de comunicação social, que estão em riscos cerca de 1.000 postos de trabalhos naquela rede de supermercados pertencente à empresária Isabel dos Santos.
Esta certeza transmitida pelo Ministério da Indústria e Comércio foi obtida num encontro com os responsáveis e gestores pela rede de supermercados Candando, onde foi assegurado que o Grupo Contidis, que detém a rede de lojas, não prevê despedir metade da sua força de tralhado como foi avançado pelo jornal Valor Económico, que cita Isabel dos Santos.
O Grupo Contidis reafirmou o seu compromisso em continuar a operar no mercado angolano, apesar dos desafios económicos globais, avançou em comunicado o Ministério que tutela o sector do comércio
Tão logo se ultrapasse o momento actual, refere o comunicado, o Grupo Contidis continuará a alargar a sua rede de lojas criando mais postos de trabalhos.
O comunicado datado de 10 de Junho, que não vem assinado, foi hoje tornado público, e confirmado ao Novo Jornal por um alto funcionário do gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério da Industria e Comércio.
A notícia de que a rede de lojas Candando encerraria metade das lojas e mandaria 1.000 dos seus 2.000 funcionários para casa, foi avançada pelo jornal Valor Económico, na sua edição de 08 de Junho, na qual cita a empresária Isabel dos Santos a confirmar essa informação.
Recorde-se, como o Novo Jornal também noticiou na quarta-feira, a informação foi avançada pela própria empresária ao jornal Valor Económico, justificando a medida drástica com a impossibilidade de movimentar as suas contas devido ao arresto preventivo a que foram sujeitas em Dezembro do ano passado no âmbito de uma acção judicial movida pelo Estado como forma de recuperar dívidas no valor de mais de 5 mil milhões USD, embora inicialmente este valor fosse menor, cerca de de 1,2 mil milhões de dólares.
“Sim, o Candando está a fechar. Não todas as lojas, algumas vão fechar. Só metade das lojas vai continuar. De dois mil trabalhadores só metade permanecerá”, disse Isabel dos Santos ao semanário.
Ao mesmo jornal, a empresária disse: “infelizmente, estão a matar as empresas com este arresto. As empresas têm dívidas com os bancos que financiaram estes projectos e não com o Estado”, disse ainda.
O problema é que o “arresto bloqueou todas as contas bancárias da empresa que faz o aprovisionamento e importação dos produtos”.
“O Candando está a passar grandes dificuldades, pois o arresto do Tribunal de Luanda está a ter um impacto negativo e a afectar a operação da empresa, os danos são grandes, pois não está a permitir ter uma relação normal com os fornecedores. A ordem de arresto mandou congelar as contas bancárias da empresa do Candando de Portugal. Ou seja, já não pode pagar nenhum fornecedor. E mandou bloquear todos os pagamentos no exterior”, disse ainda.
Isabel dos Santos tem por hábito anunciar as suas decisões estratégicas mais importantes relacionadas com os seus processos na justiça através das redes sociais, normalmente o Twitter, e, desta feita, naquela plataforma digital nada foi avançado a este respeito.
Isabel dos Santos dizia o contrário em Fevereiro
No entanto, a 20 de Fevereiro, como o Novo Jornal noticiou, e numa reacção ao arresto dos seus bens e contas em Portugal, Isabel dos Santos criticava a justiça portuguesa porque a acção impedia as suas empresas de funcionar, contrastando isso com o que sucedeu com o arresto preventivo das suas contas e bens em Angola, pelo Tribunal Provincial de Luanda, que não impediu o pagamento de salários, a fornecedores e os impostos.
Para a empresária, nesse comunicado de 20 de Fevereiro, o arresto de contas a que foi sujeita em Portugal era “inexplicável e infundado” tendo, por isso, sido “impugnado” pelos seus advogados, alertando para o facto de esta situação estar “a impedir a movimentação das contas nos diversos bancos”, o que levará esta realidade a ser outra “apresentando-se como um sério risco de destruição de valor para todos os `stakeholders””.
E adiantava, como forma de estabelecer um contraste com o que lhe sucedera em Angola: “Importa salientar que, em Angola, os arrestos não impediram o pagamento de salários, pagamentos a fornecedores, impostos e Segurança Social”.
NJ