Guterres sublinhou que é necessário “repensar a maneira como as nações cooperam”. Saudou ainda o facto do seu pedido de cessar-fogo global para facilitar a luta contra a pandemia, ter sido aceite.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou esta quinta-feira a uma “reinvenção” do mundo que está “em ebulição” devido à pandemia, na véspera no 75.º aniversário da adoção da Carta da ONU.
“Este aniversário deve ser a oportunidade para “juntos reinventarmos o mundo que compartilhamos”, destacou o ex-primeiro-ministro português aos jornalistas, citado pela agência AFP. E acrescentou: “para isso, precisamos de um multilateralismo efetivo que funcione como um instrumento de governação global onde for necessário”.
A Carta da ONU foi assinada em São Francisco, nos Estados Unidos, a 26 de junho de 1945 e entrou em vigor a 24 de outubro de 1945.
Durante a apresentação do livro “Salvando vidas, protegendo as sociedades, recuperando melhor”, sobre as ações realizadas para combater a pandemia e com metas para o futuro, António Guterres destacou a necessidade de se inovar. “Não podemos voltar à situação anterior e simplesmente recriar os sistemas que pioraram a crise. Devemos reconstruir melhor, com sociedades e economias mais sustentáveis, inclusivas e com igualdade de género”, afirmou.
O secretário-geral da ONU acredita, por isso, que não há razões para incluir o carvão nos planos de recuperação dos países.
“É hora de se investir em fontes de energia que não poluem, que não geram emissões [de gases de efeito estufa], que geram empregos decentes e economizam dinheiro”, apontou. Para o futuro, as prioridades são claras: “acesso universal à saúde, fortalecendo a solidariedade entre povos e nações, e repensando a economia mundial contra a desigualdade”.
António Guterres sublinhou ainda que no 75.º aniversário da Carta é necessário “repensar a maneira como as nações cooperam”.
Apesar do Conselho de Segurança da ONU não ter sido capaz de adotar uma resolução baseado nas suas medidas, Guterres saudou o facto do seu pedido em 23 de março, para um cessar-fogo global para facilitar a luta contra a pandemia, ter sido ouvido.
O pedido foi apoiado por quase 180 países, dos 193 membros das Nações Unidas, por mais de 20 grupos armandos, líderes religiosos e milhões de membros da sociedade civil, vincou, reconhecendo, no entanto, a falta de concretização no terreno.