Aumento de impostos empobrece ainda mais as famílias angolanas

Famílias angolanas enfrentam uma redução significativa no seu poder de compra devido ao aumento dos impostos sobre a importação de produtos básicos, conforme anunciado recentemente pela Administração Geral Tributária (AGT) de Angola.

A medida afeta diretamente produtos essenciais como feijão, açúcar e leite, cujos impostos tiveram aumentos consideráveis. Por exemplo, o imposto sobre o feijão subiu de 10% para 15%, o do açúcar de 20% para 40% e o do leite agora é de 40%, um aumento de 10% em relação ao anterior.

Em entrevista à DW, Emília Pinto, analista angolana de política e economia internacional, expressou preocupação com as consequências destes aumentos para os consumidores mais vulneráveis. Segundo ela, a previsível subida dos preços destes produtos básicos poderá ter efeitos devastadores nas famílias, especialmente aquelas de baixa renda. “As pessoas vão perder cada vez mais poder de compra, e isso vai acabar por degradar o próprio meio social”, alertou Pinto.

Além disso, a analista destacou que os produtores nacionais não se beneficiarão significativamente destas medidas, uma vez que a produção nacional ainda depende em grande parte de matérias-primas importadas. Isso se deve às infraestruturas deficientes, como estradas em mau estado e problemas na distribuição de água e energia elétrica, que encarecem a produção local.

O aumento dos impostos é visto por alguns como uma medida protecionista destinada a estimular a produção nacional. No entanto, Emília Pinto argumenta que, apesar das intenções, as medidas atuais pouco farão para resolver os problemas estruturais que impedem um desenvolvimento mais robusto do setor produtivo angolano.

O impacto dessas medidas é também uma preocupação para organizações internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que veem com cautela a implementação de políticas que podem levar a uma maior desigualdade social e econômica no país. O FMI tem recomendado ao país preparações para transformações estruturais significativas, mas, de acordo com a analista, isso também pode levar à degradação das condições de vida das famílias angolanas.

Enquanto o governo busca equilibrar estímulo econômico e proteção social, o aumento dos impostos sobre produtos básicos já começa a afetar o cotidiano das famílias angolanas, que se veem obrigadas a ajustar seus orçamentos frente aos preços crescentes no mercado.

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