China rejeita acusações de racismo e xenofobia contra cidadãos africanos

As autoridades africanas confrontaram publicamente a China por causa das alegações de maus-tratos. Há relatos de restaurantes, empresas e hotéis que têm recusado fazer negócios com “clientes que pareçam ser de origem africana”.

A China rejeita as acusações de racismo e xenofobia feitas pela União Africana e pelos Estados Unidos da América (EUA), por alegados maus-tratos a cidadãos africanos e afro-americanos em Cantão.

“As autoridades em Cantão atribuem uma grande importância às preocupações recentemente levantadas por alguns dos nossos parceiros africanos”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, citado pela agência France-Presse, acrescentando que as autoridades “estabelecerão um mecanismo de comunicação eficaz com os consulados” situados naquela província.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China sublinhou que as autoridades locais “se opõem firmemente a qualquer racismo e qualquer declaração discriminatória”.

As autoridades africanas confrontaram publicamente a China por causa das alegações de maus-tratos aos cidadãos africanos, na sequência da pandemia da doença provocada pelo novo coronavírus.

De acordo com a Associated Press (AP), houve relatos de africanos que dizem ter sido afastados e discriminados num centro comercial devido ao medo da doença covid-19. A agência refere também um alerta de segurança da embaixada dos EUA na China, que dá nota de que “a polícia ordenou que bares e restaurantes não atendessem clientes que pareçam ser de origem africana” e que as autoridades locais determinaram a realização de testes obrigatórios e ‘auto quarentena’ para “qualquer pessoa com contactos africanos”.

A embaixada denunciava ainda que algumas empresas e hotéis se recusam a fazer negócios com afro-americanos, em resposta ao aumento das infecções na cidade chinesa de Cantão, a norte de Macau e Hong Kong.

A polícia e o departamento de saúde pública de Cantão disseram na passada semana aos jornalistas que as autoridades haviam respondido aos rumores, já desmentidos, de que “300 mil negros” naquela cidade do Sul da China “estavam a desencadear uma segunda epidemia”, o que “causou pânico”.

Diplomatas africanos reuniram-se com responsáveis dos serviços diplomáticos da China para expressar “preocupação e condenação das experiências perturbadoras e humilhantes” às quais os seus “cidadãos foram submetidos”, revelou a embaixada da Serra Leoa em Pequim, através de um comunicado divulgado na passada sexta-feira.

Pelo menos 14 cidadãos de Serra Leoa foram colocados em quarentena obrigatória por 14 dias, segundo a mesma nota.

A situação motivou já críticas do presidente da Câmara dos Deputados da Nigéria, Femi Gbajabiamila, e a intervenção do chefe da diplomacia nigeriana, Geoffrey Onyeama, que disse ter convocado o embaixador chinês para expressar “extrema preocupação” e pedir uma resposta imediata de Pequim.

O Quénia também já se manifestou através de uma declaração do ministério dos Negócios Estrangeiros e da embaixada daquele país em Pequim.

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