O candidato à presidência de Moçambique pelo partido PODEMOS, Venâncio Mondlane, fez duras críticas ao presidente de Angola, João Lourenço, durante uma entrevista concedida nesta terça-feira à Rádio Essencial. Mondlane afirmou que Lourenço estaria interessado na manutenção da FRELIMO no poder devido ao seu alegado envolvimento no escândalo das dívidas ocultas.
De acordo com Mondlane, o caso das dívidas ocultas, maior escandâlo financeiro que abalou Moçambique e teve repercussões internacionais, ainda não foi plenamente esclarecido. O político garantiu que, caso seja eleito presidente, fará o que estiver ao seu alcance para que o processo seja reaberto. O objetivo, segundo ele, é responsabilizar os verdadeiros mentores da fraude, muitos dos quais ainda não enfrentaram a justiça.
“O presidente João Lourenço já foi citado várias vezes no processo das dívidas ocultas. Ele está ligado a elas. Sabemos que agentes do SISE, responsáveis pela compra dos equipamentos da marinha, estiveram em Angola quando Lourenço era ministro da Defesa. Ele foi um dos assessores deste processo. Ele sabe que uma mudança de regime em Moçambique ou uma alternância política pode colocar a sua situação em risco, especialmente se esses dossiês forem reabertos”, declarou Mondlane.
Além de abordar as dívidas ocultas, Venâncio Mondlane analisou o cenário político em Angola, prevendo que o MPLA, partido que governa o país desde a independência, perderá o poder nas próximas eleições gerais, previstas para 2027. Para Mondlane, os angolanos estão cada vez mais insatisfeitos com a gestão de João Lourenço, o que deve culminar numa alternância política.
O candidato também criticou Lourenço por felicitar o candidato da FRELIMO nas recentes eleições moçambicanas, apesar do contencioso eleitoral em curso. “João Lourenço e Filipe Nyusi sabem que mais cedo ou mais tarde terão que prestar contas à justiça”, afirmou.