Os desdobramentos pós-eleitorais em Moçambique colocaram o país em um momento crítico, marcado por manifestações intensas, descontentamento generalizado e um governo cada vez mais pressionado. A condução da crise pelo presidente Filipe Nyusi tem sido alvo de severas críticas, tanto de opositores quanto de vozes internas na própria FRELIMO. A crescente insatisfação popular, somada ao cansaço das forças de segurança, aponta para cenários preocupantes que podem alterar significativamente o futuro político de Moçambique.
FRELIMO em Xeque: Um Golpe Interno para Conservar o Poder?
Com a crescente pressão popular e a exaustão das forças de segurança, a FRELIMO enfrenta um dilema estratégico: continuar apoiando Filipe Nyusi, cuja liderança tem sido amplamente questionada, ou sacrificar o presidente para preservar o partido. Especialistas, como o acadêmico Manuel Mapai, sugerem que a estratégia mais viável para a FRELIMO seria destituir Nyusi por meio de um golpe interno. Nesse cenário, o partido poderia criar um governo de transição para acalmar os ânimos e organizar novas eleições sob condições mais favoráveis.
Essa manobra não seria inédita em contextos africanos, onde partidos dominantes recorrem a sacrifícios estratégicos de líderes desgastados para preservar sua hegemonia. Responsabilizar Nyusi pela crise política e social daria ao partido a oportunidade de se reposicionar como mediador e salvador, enquanto se reorganiza para futuras disputas eleitorais.
O Papel dos Militares e a Possibilidade de Intervenção Direta
Outro cenário preocupante seria o avanço dos manifestantes rumo ao Palácio Presidencial, forçando uma reação mais decisiva dos militares. A insatisfação nas fileiras das forças armadas e policiais já é visível, refletindo o cansaço e a frustração com o prolongamento das manifestações. Se os militares assumirem o controle, a renúncia de Nyusi se tornaria inevitável, criando uma situação ainda mais embaraçosa para a FRELIMO.
Uma intervenção militar direta não apenas enfraqueceria o partido, mas também comprometeria sua imagem internacional e colocaria Moçambique sob maior escrutínio de organizações regionais e globais. Nesse caso, a FRELIMO perderia o controle sobre a narrativa da crise, ficando à mercê de pressões internas e externas.
A Contagem dos Votos: Um Ponto de Ebulição
A aproximação do prazo final para a declaração dos resultados eleitorais é outro fator que intensifica a tensão no país. A desconfiança em relação ao processo de contagem de votos alimenta ainda mais as manifestações, que têm crescido em número e intensidade. Sem uma solução clara e rápida, o ambiente pode se deteriorar rapidamente, levando o país a um ponto de ruptura.