Após o anúncio dos resultados finais pela Comissão Eleitoral, Cabinda foi palco de tumultos entre militantes do MPLA e da UNITA. A sede do maior partido da oposição foi cercada pela polícia durante mais de duas horas.
Segundo os dados apresentados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) na segunda-feira (29.08), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) arrecadou 3.209.429 de votos, elegendo 124 deputados, e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) conquistou 2.756.786 votos, garantindo 90 deputados.
O plenário da CNE proclamou Presidente da República de Angola João Lourenço, cabeça de lista do MPLA, o partido mais votado, e vice-presidente Esperança da Costa, segunda da lista do MPLA.
Depois do anúncio dos resultados definitivos das eleições de 24 de agosto, muitas cidades angolanas registaram uma onda de protestos. Em Cabinda, geram-se momentos de tensão e tumultos entre militantes do MPLA e da UNITA, que “não reconhece os resultados indicados pela CNE”.
“Enquanto não forem decididas as reclamações” já na posse da CNE e “dentro dos prazos legais”, a UNITA “fará entrada de uma reclamação que terá os efeitos suspensivos da Declaração dos resultados definitivos”, informou em comunicado enviado à DW.
“Quando a caravana do MPLA passava defronte à sede da UNITA, os militantes sentiram-se insatisfeitos e criou-se aquele alvoroço todo, altura em que houve intervenção da polícia, mas já com disparos”, descreve o correspondente da DW em Cabinda, Simão Lelo, que esteve a acompanhar os tumultos.
“A Polícia Nacional usou todas as forças e todos os meios para contrapor a vontade da UNITA” e muitos militantes tiveram de se refugiar na sede do partido pelo menos durante duas horas, acrescenta o jornalista a partir da província mais a norte de Angola.
Em declarações à DW, Lourenço Domingo, deputado da UNITA, mostrou-se insatisfeito pela maneira como a polícia está a “tomar de assalto” a província, que está atualmente muito militarizada.
Esta situação também criou alguma insatisfação entre vários populares presentes, que queimaram bandeiras do partido no poder, por não se reverem na posição da Comissão Eleitoral.
Dois dois dias antes do anúncio dos resultados finais em Cabinda, já tinha havido uma manifestação de jovens na cidade, que terminou com a vandalizaram da imagem do Presidente João Lourenço e da bandeira do MPLA.
A polícia já começou a prender algumas pessoas que participaram nesse evento, não se sabendo ao certo quantas foram detidas pela Polícia Nacional.
Os partidos da oposição UNITA e Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE) preveem realizar hoje conferências de imprensa para reagir aos resultados definitivos divulgados ontem pela CNE.