O Presidente russo defendeu a criação de um sistema de segurança mundial para novas ameaças, afirmando estar aberto ao diálogo e à cooperação nas questões mais atuais da agenda internacional.
O Presidente russo defendeu esta quarta-feira a criação de um sistema de segurança mundial para novas ameaças, num discurso feito no âmbito do desfile militar para assinalar o 75º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazi, na Segunda Guerra Mundial.
“Estamos abertos ao diálogo e à cooperação nas questões mais atuais da agenda internacional, como a criação de um sistema de segurança comum e confiável”, disse Vladimir Putin, dirigindo-se aos líderes estrangeiros e militares veteranos convidados para o desfile, onde participam mais de 14.000 soldados russos e de outros países.
Naquela que foi a única referência ao mundo contemporâneo do seu discurso, Putin admitiu ser “importante fortalecer a amizade, a confiança entre os povos e a abertura de um diálogo e de cooperação sobre questões atuais”.
Putin, que teve de adiar a tradicional parada da vitória, comemorada em 9 de maio, devido à pandemia do novo coronavírus, sublinhou que esse sistema de segurança é necessário para “um mundo complexo e que está a mudar rapidamente”.
“Só juntos podemos defendê-lo (ao mundo) de ameaças novas e perigosas”, proclamou.
O líder russo, que pediu um minuto de silêncio em memória dos mortos na batalha conhecida na Rússia como a Grande Guerra Patriótica, sublinhou que o Exército Vermelho foi o fator chave da derrota de Hitler.
Além de expulsar o invasor, destacou, o Exército Vermelho “libertou a Europa, pôs fim ao Holocausto e salvou o povo alemão da ideologia assassina do nazismo”, conquistas que custaram aos soviéticos um “preço incalculável”, já que milhares de soldados caíram em território estrangeiro.
“É impossível imaginar o que teria acontecido ao mundo se o Exército Vermelho não o tivesse defendido”, adiantou perante milhares de militares vestidos com fardas de cerimónia, mas sem máscara.
Putin lembrou ainda que a primeira parada da vitória ocorreu precisamente em 24 de junho de 1945, um ato que entrou na história como o triunfo do “bem sobre o mal, da paz sobre a guerra e da vida sobre a morte”.
O discurso de Putin acontece poucos dias antes de um referendo constitucional, que pretende permitir ao Presidente permanecer no poder até 2036, tendo sido muito virado para o patriotismo, acusando o Ocidente de querer minimizar o papel soviético na derrota dos nazis.
O desfile militar, durante o qual são exibidos homens, tanques, mísseis, sistemas antiaéreos e aviões, é uma oportunidade para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial, mas também para ilustrar o regresso do poder político e militar russo à cena internacional, que passa pela anexação da Crimeia ucraniana e pela guerra na Síria.
Com exceção do Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, apenas os líderes do espaço pós-soviético, incluindo os presidentes do Cazaquistão, Uzbequistão e Bielorrússia, participam do desfile.
Putin convidou os principais líderes mundiais, incluindo dos de países derrotados na guerra – Alemanha e Japão –, para a parada de 9 de maio, mas a pandemia da Covid-19 frustrou os seus planos.
Estima-se que 27 milhões de soviéticos morreram na guerra, no campo de batalha ou como vítimas civis, facto que se tornou um valor fundamental para a identidade nacional da Rússia.
Putin não mencionou a pandemia de Covid-9 no seu discurso, reforçando tacitamente sua alegação de que a Rússia já ultrapassou o estágio mais perigoso da pandemia.
A Rússia registou mais de 7.000 novos casos diários de infeção nas ultimas 24 horas e tem o terceiro maior número confirmado de infetados pelo novo coronavirus do mundo, depois dos Estados Unidos e do Brasil.