As tensões no seio do MPLA poderão atingir novos picos quando João Lourenço, Presidente do partido reunir o Bureau Político, Comité Central e o Conselho de Honra, no mês de outubro.
Preve-se que o líder do MPLA enfrentará uma série de confrontos com membros da velha guarda do partido. A pressão crescente sobre Lourenço vem de figuras históricas do MPLA, agrupadas no Conselho de Honra, que exigem mudanças no partido, posicionamentos claros sobre a sucessão na liderança e maior abertura para múltiplas candidaturas à presidência do MPLA.
A origem destas tensões remonta a vários meses, quando figuras de destaque, como Dino Matrosse, ex-secretário-geral do MPLA, e outros veteranos começaram a expressar insatisfação com a condução do partido por João Lourenço. Um encontro tenso ocorrido no início deste ano entre Lourenço e Matrosse ilustrou bem o clima de desconforto. Durante uma reunião no Palácio Presidencial da Cidade Alta, Lourenço acusou Matrosse de “falar mal” dele entre os círculos do partido. Matrosse, visivelmente surpreendido e desconfortável, defendeu-se, afirmando que apenas expressara preocupações legítimas.
O episódio, no entanto, parece ter sido apenas a ponta do iceberg. À medida que se aproxima o congresso extraordinário do MPLA, marcado para dezembro, o Conselho de Honra — composto por figuras de peso como Roberto de Almeida, António dos Santos França “Ndalu”, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse” e outros — intensificou as suas exigências para um encontro extraordinário com João Lourenço. O objetivo é discutir abertamente os problemas internos do MPLA, como a questão da sucessão na liderança e as possíveis candidaturas para a presidência do partido. Fontes indicam que esses conselheiros estão “forçando” uma reunião antes de outubro, pressionando Lourenço a posicionar-se sobre temas delicados e que envolvem seu futuro político.
As tensões entre Lourenço e a velha guarda não são apenas internas. Há também a crescente preocupação de que João Lourenço esteja tentando concentrar o poder, contrariando a tradição do partido de sucessões estruturadas e consensuais. A questão central envolve o respeito à Constituição e o limite de mandatos presidenciais. Muitos veteranos do MPLA têm advertido contra qualquer tentativa de Lourenço de forçar um terceiro mandato, o que poderia desestabilizar o equilíbrio político dentro do partido e no país.
O Bureau Político e o Comité Central do MPLA têm encontros marcados para os primeiros dias de outubro, e as previsões são de que essas reuniões serão carregadas de tensão, com discussões prolongadas e talvez confrontos abertos entre Lourenço e os membros mais antigos do partido.
