Caso BES. Arguidos vão ser chamados, acusação pronta até julho

Caso BES. Arguidos vão ser chamados, acusação pronta até julho

Caso BES. Arguidos vão ser chamados, acusação pronta até julho

Acusação está quase pronta, mas falta voltar a ouvir os principais arguidos e confrontá-los com os novos indícios. MP quer concluir processo até 16 de julho

A equipa de procuradores do DCIAP que tem em mãos o processo principal do grupo Espírito Santo está à beira de concluir a investigação e prepara-se para acusar os responsáveis pela derrocada deste império financeiro por crimes como associação criminosa e corrupção.

De acordo com várias fontes ouvidas pelo Expresso, a acusação, de milhares de páginas, estará praticamente feita, com o Ministério Público (MP) a querer concluí-la até 16 de julho, antes das férias judiciais.

Segundo as mesmas fontes, falta ainda, por exemplo, voltar a ouvir os principais arguidos do processo em interrogatório complementar e confrontá-los com os novos indícios entretanto recolhidos.

No entanto, neste momento, por causa da pandemia de covid-19, os tribunais só estão a despachar processos urgentes e está em cima da mesa a hipótese de ouvir os arguidos — alguns deles já idosos — através de videoconferência ou de um método semelhante. Ricardo Salgado, ex-presidente do GES e principal arguido do processo, foi ouvido uma única vez, em junho de 2015, ou seja, há cinco anos.

A conclusão do processo esteve prevista para junho de 2019 (houve um despacho do então diretor do DCIAP, Amadeu Guerra, nesse sentido), mas a conclusão foi adiada sine die, até que houvesse uma resposta das autoridades suíças a cartas rogatórias enviadas pelo MP português.

Quando houvesse uma resposta, os procuradores teriam três meses para concluir a investigação. O “Observador” noticiou entretanto que os procuradores da equipa liderada por José Ranito decidiram não esperar mais e avançaram com o despacho final.

A investigação começou em 2014 e o processo tem, segundo a última informação divulgada pela Procuradoria-Geral da República, 41 arguidos. Um já morreu. O Expresso questionou a PGR sobre o número de arguidos atual e os bens e dinheiro arrestados até agora, mas não teve resposta.

CRIMES CRESCERAM

Ao longo do tempo, o leque de crimes investigados tem aumentado. À suspeita de crimes como burla qualificada e branqueamento de capitais juntaram-se posteriormente práticas que indiciam associação criminosa e prejuízos para o comercial internacional.

Em causa estão eventuais crimes na concessão de crédito e na subscrição de dívida por investidores institucionais que possam ter contribuído para a derrocada do BES e do grupo Espírito Santo.

O GES e o banco que controlava tinha braços em geografias tão distintas como EUA, Espanha, Suíça, Luxemburgo, Panamá e Dubai, e todos estes países foram chamados a contribuir para a investigação.

A utilização de circuitos financeiros, como o veículo Eurofin, e as relações com a Venezue­la também estão sob a atenção das autoridades judiciais. Alguns destes temas já mereceram condenações por parte do Banco de Portugal.

É no âmbito desta investigação judicial que há milhões de euros arrestados não só em Portugal, mas também no Brasil e na Suíça.

É por isso que a venda de antigos ativos deste grupo tem sido tão dificultada, limitando a recuperação por parte dos credores de sociedades como a Rioforte e a Espírito Santo International.

Uma empresa portuguesa, a Pharol (a antiga Portugal Telecom), investiu €897 milhões em dívida da Rioforte, mas já só antecipa receber €63 milhões (tem consistentemente reduzido o valor que prevê recuperar).

O objetivo do arresto é ter fundos para poder ressarcir quem foi lesado por eventuais crimes na queda do grupo.

Em paralelo ao processo judicial, corre também a qualificação da insolvência do BES, em que a comissão liquidatária e o MP apontam culpas aos 11 antigos gestores, com Ricardo Salgado à cabeça, como os responsáveis pelo fim do banco. O antigo número um do banco recusou testemunhar neste processo, segundo foi já noticiado pelo “Jornal de Negócios”.

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