Cresce o abuso sexual de alunas por professores em Angola

Fernanda Pimentel, estudante do segundo ciclo, acredita ser fundamental que as pessoas vítimas de extorsão sexual nas escolas denunciem os perpetradores. Na instituição onde estuda, o Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA), existe uma linha aberta para denúncias da prática.

“O ICRA, graças a deus, adota uma boa postura perante os assédios”, congratula-se a jovem

Segundo o presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) Francisco Teixeira, regista-se um aumento de denúncias de extorsão sexual nas escolas do país. A associação está a trabalhar com as autoridades governamentais para criminalizar o fenómeno que, afirma, “cresce de forma assustadora”.

Combater a tendência de abafar os casos

“Vamos envolver a polícia, para que a polícia prenda, porque a direção provincial da educação age, mas de forma administrativa, e não de forma criminal”, disse Teixeira à DW África.

O ativista acusa as direções de algumas escolas do país de “abafarem” as denúncias. Outro elo fraco no combate ao abuso são as próprias famílias: “Acontece muito no interior, onde há fome e precariedade, que o professor engravida uma aluna, por exemplo, de 14 anos”.

Se a comunidade se insurge, diz Teixeira, o professor paga à família um valor de 200 mil kwanzas, equivalente a pouco mais que 200 euros. “Ou então diz que vai casar com a aluna e o assunto acaba por ser resolvido ‘entre cavalheiros’”, sem repercussões para o violador.

Demissão dos perpetradores

O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF), Ademar Ginguma, afirma que o a organização ainda não tomou conhecimento das denúncias feitas pelo MEA. Mas reconhece que existem casos de envolvimento sexual entre professos e alunos a troco da passagem de ano.

“O SINPROF, nos seus pronunciamentos, no contacto que mantém com os professores tem, exatamente, chamado atenção” para o fenómeno.

Ginguma também apela à denúncia e aponta exemplos de professores que, no passado, foram afastados da atividade por este tipo de práticas.

“As vítimas devem queixar-se às direções das escolas. Se não tiverem boas respostas, devem ir para outras instâncias”, pede, concluindo que, quando os casos são provados, os professores “muitas vezes pagam com a demissão”.

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