Embora saúde o congelamento de bens da empresária Isabel dos Santos no Reino Unido, o jurista Albano Pedro exige o julgamento de todos os angolanos envolvidos em corrupção.

A empresária angolana Isabel dos Santos sofreu um revés significativo quando um tribunal do Reino Unido ordenou, esta semana, o congelamento de mais de 600 milhões de euros de seu patrimônio. A decisão foi tomada em meio a uma ação movida pelo Estado angolano, representado pela empresa Unitel, que segue investigações de corrupção contra a empresária.

Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, enfrenta acusações de corrupção, apesar de negar qualquer ato ilegal. Essa decisão judicial acompanha uma série de derrotas legais para Santos, incluindo um alerta vermelho emitido pela Interpol.

Em uma entrevista à DW África, o jurista Albano Pedro comentou o caso, destacando a complexidade da situação devido ao fato de Santos nunca ter ocupado um cargo de gestora pública, o que dificulta sua indicição e prisão.

Embora reconhecendo o impacto significativo do congelamento de bens, questionou a eficácia desse movimento na luta mais ampla contra a corrupção em Angola.

“Não podemos considerar este caso isoladamente como uma vitória total na luta contra a corrupção”, afirmou Pedro, enfatizando a necessidade de uma abordagem equilibrada e justa que vise todos os suspeitos, incluindo figuras como o ex-vice-Presidente Manuel Vicente e outros generais, que ainda permanecem intocáveis.

O jurista também criticou a falta de condenações definitivas em casos de corrupção e expressou ceticismo sobre a possibilidade de um acordo entre Santos e o Estado angolano, enfatizando que tais acordos não deveriam desviar o curso da justiça.