Em nações marcadas pela corrupção, comumente se acredita que a felicidade é inatingível. Esta noção é corroborada pelo mais recente Relatório Mundial sobre Felicidade da ONU, edição de 2024, que evidencia uma correlação entre países com menores índices de corrupção e maior felicidade em suas populações.
É importante notar que, embora as análises globais sobre corrupção enfrentem diversas limitações, e os índices de percepção sejam o método mais sistematizado disponível para mensurar esse fenômeno, eles não capturam sua complexidade com total precisão. Esta situação evoca o adágio “onde há fumaça, há fogo”, sugerindo uma análise mais superficial do problema, em vez de um exame minucioso de sua verdadeira amplitude.
A crescente preocupação com a corrupção destaca-se em aspectos como a integridade política, conflitos de interesse, transparência e normas éticas, assim como o percebido declínio na eficácia dos sistemas judiciários.
Essa realidade não surpreende o cidadão comum, que se sente prejudicado por aqueles que usam o poder em benefício próprio, esgotando os recursos públicos – essencialmente, o dinheiro que deveria retornar aos cidadãos para sustento familiar e escolhas pessoais de vida.
As análises já foram realizadas, e as diretrizes para a melhoria estão claras: não é necessário reinventar a roda, mas sim avançar na direção correta. No caso específico de Angola, isso implica em desburocratizar e simplificar as leis, implementar mecanismos eficientes de transparência, reforçar as liberdades de imprensa e de expressão, além de oferecer educação financeira desde o ensino fundamental e assegurar um sistema judicial competente.
Além da importância intrínseca desse esforço, é crucial reconhecer que estão em jogo valores fundamentais para nós, enquanto indivíduos e cidadãos: a felicidade e a democracia. A erosão da confiança nas instituições ameaça sua estabilidade e integridade, enfatizando a necessidade de um comprometimento sério com esses ideais.